Referente ao encontro presencial entitulado “A arte de educar e seus desafios nos duas atuais” quero aproveitar para conversar sobre um ponto importante: muitas vezes, quando falamos em disciplina positiva, alguns pais confundem com permissividade. Acham que educar com amor significa não frustrar, não dizer não, não estabelecer limites. Mas isso não é disciplina positiva.
O que temos visto é que muitos pais, por medo do choro, da birra ou da reação intensa dos filhos, acabam cedendo. Colocam-se numa posição horizontal, quase como se fossem ‘amigos’ no mesmo nível, e deixam de exercer seu papel de referência. Só que as crianças, quando percebem essa fragilidade, não se sentem mais seguras: elas se sentem perdidas.
Dizer não é uma parte essencial da educação. O ‘não’ protege, orienta e ensina a lidar com frustração, algo que a vida vai apresentar muitas vezes. Claro que não falamos de um ‘não’ autoritário, gritado ou sem explicação. Falamos de um não firme e respeitoso: que mostra limite, mas também oferece segurança e acolhimento.
Quando os pais se fortalecem nesse papel, eles passam uma mensagem poderosa para os filhos: “Eu te amo e, justamente porque te amo, coloco limites.” “Eu escuto o que você sente, mas nem tudo o que você quer é possível.”
Isso ensina autorregulação, paciência, respeito às regras e às relações. E liberta os pais da culpa de achar que educar é ceder sempre.
Quero encorajar vocês a se verem como líderes afetivos dos seus filhos. Líderes que guiam, que escutam, que validam os sentimentos, mas que não desistem de orientar.
Criança não precisa de pais perfeitos, precisa de pais presentes, consistentes e confiantes.
Lembrem-se: educar com firmeza e afeto não é fácil, exige energia e constância, mas é o maior presente que podemos dar às crianças, porque elas crescem sabendo que são amadas e, ao mesmo tempo, que o mundo tem regras e limites.
- Giuliana Malagutti